Segundo o DataNumi (2022), 70% dos facilitadores dizem que o maior desafio para criar um treinamento online criativo é saber quais ferramentas digitais usar:
Depois que o mundo da educação praticamente migrou para o online com a Pandemia, os facilitadores e treinadores do mundo todo ganhou mais uma preocupação: qual ferramenta usar para engajar meus alunos?
Entendo que a preocupação seja válida, mas acredito verdadeiramente que essa também é a causa do fracasso de muitas aulas e cursos por aí: gastar energia e tempo olhando pro lugar errado.
Recentemente, fomos convidadas para fazer um treinamento para a Klabin, a maior exportadora de papel e celulose do Brasil. Sempre que começamos um novo projeto, a primeira coisa que fazemos é uma pesquisa de persona. E adivinha qual foi a dificuldade mais citada nessa pesquisa que rodamos? Exato: as ferramentas digitais. Então, resolvemos não apenas falar para esses facilitadores que as ferramentas não vão resolver o problema, mas também mostrar na prática uma outra perspectiva.
Quem sabe faz ao vivo
Já que não rolava de ir presencialmente e o público não curtia muito treinamentos totalmente online, que tal fazer um formato híbrido? Foi isso que resolvemos fazer, apesar do risco de simplesmente não dar certo. Pensa aí: Amanda em Brasília, Sophia em Berlim e os aprendizes no interior do Paraná, presencialmente. Só tínhamos uma certeza: ou ia dar muito certo, ou ia dar muito errado. Não tinha meio-termo. Mas resolvemos assumir o risco e testar, e quero compartilhar com você alguns dos passos que seguimos pra amenizar os riscos e fazer esse treinamento acontecer.
1. Fazer o sapato pro pé certo
Não adianta pegar um planejamento presencial e aplicar no online, assim como também não adianta pegar um treinamento online e aplicar no presencial. Cada contexto tem o seu tempo, sua dinâmica e suas necessidades. Planejamos esse treinamento todo pensando que seria um evento híbrido, e antevimos como esse formato impactaria em cada atividade e na experiência como um todo.
2. Tenha um Robin
Assim como o Batman precisa do Robin, a facilitadora online precisa de um suporte no presencial. No caso desse treinamento, a coordenadora da escola corporativa da Klabin foi o nosso braço direito. Nos reunimos com a Tati pra mostrar pra ela todo o planejamento, tim tim por tim tim. Ela seria a ponte entre o online e o presencial, além de ser um ponto de confiança pros aprendizes. Ela ajudava a organizar os grupos, a fazer a logística do áudio e video e orientava os aprendizes com relação ao espaço e materiais.
3. Teste teste teste teste
Assim como em uma peça de teatro, o teste é absolutamente fundamental pra sua experiência. Se você não tem familiaridade com alguma ferramenta ou método, teste antes. No nosso caso, foi fundamental testar o microfone, video, formatação do espaço com a nossa Robin dias antes do treinamento. E mesmo assim algumas coisas não funcionaram no dia! Mas como testamos, estávamos preparadas para imprevistos. Um exemplo foi o microfone não ser audível no Zoom. Solução: conectar um celular no Zoom que seria usado como microfone. Planos Bs salvam!
4. Comunidade de aprendizagem
Entre um encontro e outro, o nosso ponto de conexão com os aprendizes era uma comunidade de aprendizagem que criamos para o treinamento. Essa era mais uma oportunidade de diminuir a distância entre as facilitadoras e o grupo. Esse espaço também era um atalho para tirar dúvidas, colher percepções e compartilhar materiais complementares.
5. Foco nos participantes
Nunca ficou tão claro pra mim a diferença entre dar aula e facilitar quanto esse treinamento. Tivemos alguns desafios com o áudio e com a comunicação, mas isso passou a ser mero detalhe quando o foco da experiência do início ao fim era nos participantes. Nós dávamos as orientações e trazíamos reflexões, mas a construção e aprofundamento vinha sempre dos participantes. É aqui que a aprendizagem ativa se faz viva: eu não sou mais a mestre do palco; sou a guia da jornada.
6. Ferramenta não faz milagre
Durante toda a experiência, decidimos não usar nenhuma ferramenta digital, a não ser o Zoom. Quisemos mostrar para os participantes que é possível criar uma experiência de tirar o fôlego focando apenas na inteligência coletiva e conexão do grupo. Se esses elementos estão bem construídos, nada mais importa.
Tá, mas deu certo mesmo?
Depois de 16 horas de imersão em aprendizagem ativa, metodologias ativas e design de aprendizagem, passamos pela última etapa: medir o resultado. É importante lembrar que engajamento não é necessariamente sinônimo de aprendizagem, e por isso mensurar é tão importante. Rodamos mais uma pesquisa no fim da experiência, e o resultado foi de 60% de aumento na confiança para criar e facilitar cursos baseados na aprendizagem ativa e satisfação de 9,4 de 10!
Resumo da Ópera
No fim das contas, a lição que tiramos é: o que vai definir o sucesso do seu treinamento não é se ele é online, presencial, híbrido ou quais ferramentas você vai usar, e sim as estratégias de design de aprendizagem que você vai aplicar pra criar uma experiência ativa e engajadora do início ao fim.
Até breve!
Sophia Leal F. Santos.
Facilitadora e co-fundadora da Numi