Eram 7 da manhã quando o professor de física entrou na sala de aula, apagou as luzes e ligou a apresentação de slides. O que me lembro daquele dia (que representa muitos outros dias) é a sensação de não saber o motivo de ter que assistir àquela aula e a frustração de não ser capaz de me manter acordada. Você já esteve em um lugar assim ou sentiu algo parecido?
Essa aula teve um grande impacto na minha decisão de trabalhar com educação: eu queria ter certeza de que ninguém jamais desperdiçaria uma oportunidade de aprendizado com experiências chatas ou sem sentido. A educação não deve ser uma obrigação dolorosa, mas uma forma de realizar o próprio potencial criativo e transformacional.
Eu te contei sobre uma experiência de aprendizado que foi realmente chata. Agora, pense sobre sua experiência de aprendizado favorita de todos os tempos. Como foi e por que foi tão boa?
Eu fiz essa pergunta dezenas de vezes para dezenas de pessoas, e a resposta nunca foi “o livro didático era incrível!” ou “ah, nunca vou esquecer aquela apresentação bem estruturada do PowerPoint”.
Nunca aconteceu.
Na verdade, a resposta está sempre relacionada à conexão humana, seja porque o professor foi inspirador ou porque a pessoa teve insights incríveis. Todas essas respostas estão conectadas aos sentimentos e emoções que a pessoa sentiu na experiência – e isso não é uma coincidência.
APRENDIZAGEM EMOCIONAL?
A professora Mary Helen Immortino-Young, da University of Southern California, descobriu que é neurologicamente impossível aprender algo sem envolver emoções. Não existe separação entre o racional e o emocional, isso realmente não depende de nós.
A questão aqui não é SE o professor vai causar qualquer tipo de emoção em sua aula, mas sim QUAIS emoções irão surgir. A emoção estará sempre presente, seja excitação ou tédio.
Porém, “provocar emoções” não significa dar doces e esperar obter o melhor e mais profundo aprendizado possível. Na verdade, “sentimentos ruins” também podem ser usados, dependendo dos objetivos de aprendizagem.
Por exemplo, os alunos podem sentir frustração ao desenvolver um projeto sobre macroeconomia e perceber que, às vezes, a primeira estratégia utilizada não será a melhor.
Em outro momento, enquanto estudam sobre a Segunda Guerra Mundial em uma experiência realmente envolvente, os alunos vão sentir tristeza, e isso também é legítimo. A experiência ainda será memorável.
Os seres humanos são complexos e cada pessoa é um universo. Como designers de experiência de aprendizagem (professores, facilitadores, treinadores, etc.), devemos sempre perguntar:
ESQUEÇA O CONTEÚDO (por enquanto)
Se você deseja criar experiências centradas no ser humano, deve esquecer o conteúdo. Mas só um pouco. A primeira coisa que você deve fazer ao projetar experiências centradas no ser humano é … que rufem os tambores… entender o ser humano (!!!!!).
Não comece perguntando “O QUE vou ministrar”, mas sim “QUEM passará por este processo?”.
Isso garantirá que você gastará seu tempo criando uma experiência verdadeiramente eficaz e memorável, e não uma aula ou programa em que o aluno absorva 10 ou 20 por cento dele. É tudo uma questão de eficácia + impacto positivo.
Sempre, sempre comece pelo aprendiz.
Nos próximos artigos, explicarei um pouco mais sobre COMO você pode entender seus alunos com base em uma ferramenta realmente eficaz chamada persona e falarei sobre 4 métodos que você pode usar para coletar informações sobre o aprendiz. Se você se interessa por isso, comenta aqui! 🙂
Até breve!
Sophia Leal F. Santos.
Facilitadora e co-fundadora da Numi